Terezinha - Maria Bethânia

O primeiro me chegou como quem vem do florista

Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista

Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha

Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha

Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração

Mas não me negava nada, e assustada, eu disse não

O segundo me chegou como quem chega do bar

Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar

Indagou o meu passado e cheirou minha comida

Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida

Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração

Mas não me entregava nada, e assustada, eu disse não

O terceiro me chegou como quem chega do nada

Ele não me trouxe nada também nada perguntou

Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer

Se deitou na minha cama e me chama de mulher

Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não

Se instalou feito um posseiro dentro do meu coração

El primero me vino como de la floristería

Trajo un animal de peluche, trajo un broche de amatista

Me contó de sus viajes y las ventajas que tenía

Me mostró su reloj, me llamó reina

Me encontró tan desarmado que me tocó el corazón

Pero no negué nada, y asustado, dije que no.

El segundo me vino como quien viene del bar

Trajo un litro de brandy tan amargo de tragar

Pregunté mi pasado y olió mi comida

Busqué en mi cajón me llamó perdido

Me encontró tan desarmado que me arañó el corazón

Pero no me dio nada, y asustado, le dije que no.

El tercero vino a mí como si saliera de la nada.

Tampoco me trajo nada, no pidió nada.

Apenas sé cómo se llama pero entiendo lo que quiere.

Se acostó en mi cama y me llamó mujer

Se estaba acercando sigilosamente y antes dije que no

Se instaló como un ocupante ilegal dentro de mi corazón