E Às Vezes Dou Por Mim - Cristina Branco

Espero-te

Como quem espera o futuro

Sem ciência, só por adivinhação

Não sei se és tu quem procuro

Mas é tarde pra tudo

Tarda-me o coração

Tenho-te nesta ideia que fiz de dois

Um qualquer, a mim já não me dobra

E entre um sim e um pois

Tu não matas nem mais

E o meu corpo já sobra

E às vezes dou por mim

Quando ninguém está a ver

Será que é por tanto crer

Que ninguém me quer

Sozinha na moldura

Na casa dos meus pais

Dizem que estou madura

E eu não quero esperar mais

Deixa que esta noite nos leve

Ai de mim, se não for agora

Que a razão só me pede

Que mata esta sede

E encerra a demora

Não sou eu, é o tempo que atraso

Me arrasta aos tombos pelo chão

Eu só quero um inquilino

Que paga no prazo

Esta solidão

E às vezes dou por mim

A queimar as janelas

Se ninguém me quer assim

Amo os maridos delas

Me acusem de pecados

Que me chamem nomes feios

Nos solteiros encalhados

Tenho eu os bolsos cheios

E às vezes dou por mim

E às vezes dou por mim

E às vezes dou por mim

yo te espero

Como quien espera el futuro

Sin ciencia, solo conjeturas

No sé si eres tú el que estoy buscando

Pero es demasiado tarde para todo.

Mi corazón es tarde

Te tengo en esta idea que hice de dos

Cualquiera, a mí, ya no se dobla

Y entre un si y un porque

ya no matas

Y mi cuerpo ya se fue

Y a veces me entrego

Cuando nadie está mirando

¿Es tanto creer

que nadie me quiere

Solo en el marco

En la casa de mis padres

Dicen que soy maduro

Y no quiero esperar más

Deja que esta noche nos lleve

¡Ay de mí, si no ahora!

Esa razon solo me pregunta

que apaga esta sed

Y termina la demora

No soy yo, es el tiempo que demoro

me arrastra al suelo

solo quiero un inquilino

Quien paga a tiempo

esta soledad

Y a veces me entrego

quemando las ventanas

Si nadie me quiere así

amo a sus esposos

Acusame de pecados

Que me llamen nombres feos

en los solteros varados

tengo los bolsillos llenos

Y a veces me entrego

Y a veces me entrego

Y a veces me entrego